Outubro de 2018: um cheiro podre de enxofre no ar anuncia o presságio de tempos nefastos. Um aperto no peito, um nó na garganta seguido de um choro incrédulo. Parece que eu senti tudo o que estava por vir em um só instante. No instante que se confirmou o nome de Bolsonaro como presidente do Brasil. A destruição da dignidade, da humanidade, o deboche da dor, a validação de todos preconceitos, a ausência de empatia. Um soco forte no estômago.
Este ensaio vem desta dor. O quanto envelhecemos? O que perdemos? Quem perdemos? O que se apagou como um fósforo úmido? Devemos lembrar, devemos permanecer lúcidos. Nós retrocedemos, uma luz se apagou. Mas já sobrevivemos à tempos nefastos e faremos novamente.
Ensaio Pré selecionado para o Portfolio em Foco - Paraty 2022
